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    H. M. Borges - Um vinho com Cultura

Século XV Século XVI Século XVII Século XVIII Século XIX Século XX Século XXI

 

Século XV - Expansão Portuguesa

O arquipélago do Madeira é referido e citado em 1350 no Libro del Conoscimiento e representado em mapas italianos e catalães do século XIV.

Oficialmente descoberto em 1419, iniciou-se o povoamento em 1425, sendo os primeiros colonos membros da nobreza portuguesa, trabalhadores e artesãos vindos principalmente do Norte de Portugal. Trouxeram consigo alimentos, sementes, gado e foram improvisadas habitações com os materiais disponíveis na ilha.

O arquipélago foi dividido em três capitanias e doadas pelo Infante D. Henrique. Foi doada em 1440 a capitania de Machico a Tristão Vaz Teixeira, em 1446 a capitania do Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo e em 1450 a capitania do Funchal a João Gonçalves Zarco.

Os primeiros colonos tiveram o árduo trabalho de desbravar a densa vegetação da ilha e tiveram de recorrer muitas vezes a queimadas, tornando a terra ainda mais fértil. Tudo o que se plantava crescia, como foi o caso do trigo, da cana do açúcar e da vinha. A introdução da cultura do vinho deve-se ao Infante D. Henrique que, com o objectivo de obter para Portugal o comércio dos vinhos, dominado então pelos genoveses e venezianos, enviou cepas da casta Malvazia para a ilha, ordenando a sua produção imediata.

De acordo com registos históricos, o navegador genovês Alvise de Cadamosto quando visitou a ilha em 1455 elogiou “os bons vinhos, mesmo muitíssimo bons, que são em tanta quantidade que chegam para os da ilha e se exportam muitos deles”.

Em finais do século XV, em 1478, uma das vítimas da Guerra das Duas Rosas, o Duque de Clarence, irmão de Eduardo IV, rei de Inglaterra, condenado à pena capital pela Câmara Alta e prisioneiro na Torre de Londres, foi dado a escolher o género de morte, e optou por se afogar num tonel de Malvasia da Madeira.
Também William Shakespeare, para além de referir a presença do vinho nas tabernas e na mesa da aristocracia inglesa, referiu-se ao Vinho da Madeira como essência preciosa, na sua peça “Henrique IV”, numa das personagens imortais Falstaff, e foi acusado de trocar a sua alma por uma perna de frango e um cálice de Madeira.
Estes factos espantosos mostram desde cedo a importância do vinho da Madeira para a economia local e a notoriedade do que começa a ter no estrangeiro.

 

 

Século XVI

O século XVI marca o início do apogeu das trocas comerciais e a exportação do Vinho da Madeira verificando-se o declínio do comércio do açúcar resultante de diversos factores, nomeadamente o excesso de produção, a exaustão dos solos e principalmente a concorrência do açúcar do Brasil.

A cana-de-açúcar começa paulatinamente a ser substituída pela cultura da vinha, originando um período de grande tráfego comercial e de chegada de muitos estrangeiros à ilha da Madeira.

Dos registos existentes de estrangeiros que passaram pela região temos o de Giulio Landi, cerca de 1530, que referiu que se exportava vinho, por lá haver em grande abundância. Também Pompeo Arditi registou que toda a ilha produzia grande quantidade de vinho.

De acordo com Gaspar Frutuoso, a área de produção de vinho em finais do século XVI abrangia diversas localidades da ilha, entre as quais Gaula, Caniço, Câmara de Lobos e Funchal.

Em 1515, a Corte de D. Francisco I de França tinha preferência pelo nosso vinho Malvasia e orgulhava-se de possuir Vinho da Madeira, pois considerava-o o mais rico e delicioso de todos os vinhos da Europa.

 

 

Século XVII

Período dominado pela cultura vinhateira e pela sua produção ascendente. O Vinho da Madeira, pela sua qualidade e genuidade, começa a ganhar cada vez mais reputação e fama exportando-se sobretudo para África, Índia Portuguesa e capitanias brasileiras.

O certo é que a consolidação das exportações de Vinho da Madeira deveu-se essencialmente à aliança assinada entre Portugal e a Inglaterra, aquando do casamento de Dona Catarina de Bragança com Carlos II. A coroa portuguesa por pouco não cedera em dote o arquipélago à Coroa Britânica. No entanto, negociou medidas protecionistas para o Vinho da Madeira, em troca da outorga aos ingleses da absoluta liberdade de negócios com a ilha, abrangendo facilidades de âmbito fiscal.

O comércio de Vinho da Madeira realizado pelos comerciantes ingleses foi regulamentado pelos Actos de Navegação de 1660, no qual foi proibido a exportação de mercadorias europeias destinadas às colónias inglesas na América, com excepção para os comerciantes britânicos moradores na Madeira, desde que os seus produtos fossem transportados por navios ingleses. Esta medida permitiu escoar o vinho para os mercados das índias ocidentais, continente americano e demais colónias inglesas.

Foi assim que se deu a abertura do comércio triangular entre a Madeira, o Novo Mundo e a Europa.

 

 

Século XVIII

A assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, teve como corolário a regulamentação do comércio do Vinho da Madeira a favor dos comerciantes ingleses com benefícios claros para o comércio da ilha. A Câmara Municipal do Funchal, verificando o aumento substancial da produção e o aumento das exportações de Vinho da Madeira, passou a fixar o preço dos vinhos. Este era fixado à medida que o vinho saía da prensa.
Durante este período o comércio do vinho entre a ilha e as colónias britânicas da América foi extremamente importante, recebendo a Madeira em troca vinho exportado, farinha, cereais e pescado. Além da América, exportava-se vinho para as Índias Ocidentais, Jamaica, Ásia e Europa, sendo o mercado principal a Inglaterra.

O comércio era muito intenso em meados do século, que, cerca de 1755, D. José com o fim de estimular e facilitar o embarque do vinho encarregou Francisco Tossi Columbino de dirigir a construção do cais da cidade do Funchal, e de fechar os ilhéus existentes em frente à baía.

Todo o vinho era exportado em vasilhame, em pipas executadas em madeira de vinhático, aderno, castanho e carvalho provenientes sobretudo das florestas do Báltico. Da América, mais propriamente de Nova Orleães e Charleston, importava-se carvalho e faia. Muita desta madeira, eram as aduelas usadas no transporte de vinho que retornava à ilha.

O movimento pro-independência dos Estados Unidos tinha nas suas fileiras verdadeiros apreciadores de Vinho Madeira. O episódio passado em 1768 com a apreensão de um carregamento de 100 pipas de vinho proveniente da Madeira e destinado a John Hancock (1737/1793), o primeiro signatário da Declaração de Independência dos Estados Unidos, por um navio de guerra inglês, iniciou um conflito, ganho posteriormente por este, com respectiva devolução da preciosa carga. Esta demonstração de posição política abriu um precedente para o evento que ficou conhecido como “Boston Tea Party” e que marcou o início da violência na disputa entre a Inglaterra e a sua colónia americana que culminou na independência dos Estados Unidos da América, a qual foi brindada com Vinho da Madeira em 1776.
O Vinho Madeira marca, de facto, acontecimentos importantes da história e da sociedade americana. Os Founding Fathers., entre eles, Thomas jefferson, Benjamin Franklin, John Adams e John Hancock eram verdadeiros apreciadores de Vinho Madeira.

Apesar deste apogeu produtivo e comercial, as exportações de Vinho da Madeira decaíram com a guerra de Independência da América, entre 1775 e 1783. O bloqueio inglês às colónias americanas também bloqueou a exportação do Vinho da Madeira e a importação de produtos alimentares. Como forma de contornar esta conjuntura extremamente negativa para a ilha, a alternativa foi procurar novos mercados para o escoamento da produção, emergindo o mercado russo. Também durante este período o Poder Central estimulou o comércio entre a Madeira, e as colónias portuguesas de Goa e Macau, através sobretudo da baixa dos impostos alfandegários. Surge então a célebre rota das Índias, para e de onde se fazia o transporte de mercadorias das colónias portuguesa e inglesa.

Em consequência das rotas comerciais entre a ilha da Madeira e a Índia, em finais do século, ocorreram profundas alterações no processo de vinificação do Vinho da Madeira, com a introdução do sistema de “Estufa” que tinha como objectivo acelerar o processo de envelhecimento do vinho e a fortificação do vinho pela adição de aguardente. À data, o processo de envelhecimento conhecido e utilizado era o de “Canteiro”.

 

 

Século XIX

O século XIX é marcado pela instabilidade social e económica e a chamada Crise do Vinho, que resultou da quebra da produção, exportação e perda de mercados, assim como de anos de más colheitas, grande carga de impostos que a Coroa cobrava sobre a exportação do vinho insular e as lutas absolutistas. Acentua-se ainda mais a crise na Europa, a instabilidade social e económica provocada pelas guerras.

A segunda metade do século é marcada pelo efeito devastador das doenças de oídio e filoxera que atacaram os vinhedos, não só na ilha da Madeira, mas também por toda a Europa. Durante este período, foi introduzida a vinha americana por ser mais resistente às doenças. No entanto, continuou-se a cultura das castas Malvasia, Verdelho, Tinta Negra, Bual, Bastardo e Terrantez, embora com uma produção muito reduzida e pouco expressiva.

Ficou célebre, entre os apreciadores de Vinho da Madeira, o vinho que o cônsul inglês H. Veitch ofereceu em 1815 a Napoleão Bonaparte, aquando da passagem pelo Funchal com destino ao exílio de Santa Helena. O imperador não o bebeu e o vinho acabou de volta à ilha, onde foi engarrafado a partir de 1840 com o título de Battle of Waterloo. Winston Churchill de visita à ilha em 1950 foi um dos poucos contemplados com uma garrafa.

Embora o século XIX tenha sido um dos anos mais difíceis para a produção de Vinho da Madeira com efeitos devastadores para a economia da Ilha, com o encerramento de diversas Casas Exportadoras, outras surgiram no mercado desafiando todas as expetativas de sucesso, como foi o caso da nossa empresa H.M. Borges, Sucrs, Lda fundada em 1877.

 

Século XX

A chegada do século XX foi marcada pela paulatina recuperação das vinhas e pela perda de importantes mercados de exportação, nomeadamente o mercado russo que, em 1917, foi palco de grandes conflitos políticos que culminou com a subida ao poder do partido Bolchevique. Também o mercado americano sofreu um grande revés com a implementação da Lei Seca entre 1943 e 1944 que proibia a entrada de vinho e demais bebidas alcoólicas.

Com um início de século difícil para o comércio do vinho da madeira, as Grandes Guerras Mundiais, primeira e segunda, fomentaram ainda mais o retrocesso da exportação principalmente, para o mercado Europeu. No período em que decorre a segunda Guerra Mundial, o porto do Funchal é utilizado para passagem dos transatlânticos, e visitado principalmente, por ingleses e alemães abastados, que fugiam da violência mundial, contrariando todas as expetativas. O fluxo turístico na ilha é intenso e irá continuar por todo o século.

A conquista da Autonomia pós 25 de Abril de 1974 trouxe o início da regionalização dos serviços essenciais ao funcionamento das atividades da ilha, incluindo a agricultura. A criação em 1979 do Instituto do Vinho Madeira, foi importante para a regulamentação do sector vitivinícola contribuindo para a credibilidade da qualidade e genuidade do Vinho da Madeira a nível nacional e internacional.

Com adesão de Portugal à Comunidade Europeia, a 1 de Janeiro de 1986, introduziu-se uma nova perspectiva na economia regional, que tinha como principal objectivo uma política agrícola comum, assegurando as particularidades de cada país. Surge o conceito de Denominação de Origem Controlada (DOC) e a classificação qualitativa dos vinhos através de categorias V.Q.P.R.D., que no caso do Vinho da Madeira seria V.L.Q.P.R.D. (Vinho Licoroso de Qualidade Produzido numa Região Demarcada).

O século XX marca também a reformulação dos transportes marítimos e aéreos, a criação de infraestruturas essenciais ao funcionamento da economia regional e a ilha da Madeira passa a centro de turismo internacional. Este movimento de turistas fez com que cerca de 35% da produção do Vinho da Madeira fosse consumido na Região. A outra metade da produção de Vinho Madeira era exportada para o mercado europeu, americano e asiático.

A juntar o factor turismo, surgem as novas formas de comunicação e a globalização da economia teve repercussões a nível mundial, verificando-se uma partilha de informação como nunca se viu. O consumidor passa a ter mais conhecimento e é mais exigente.

O Vinho da Madeira afirmou-se como o produto mais valioso economicamente na região e aquele que melhor nome traz à Madeira, sendo o seu verdadeiro embaixador no exterior.

A H.M. Borges, Sucrs, Lda soube adaptar-se aos novos tempos e procurou promover os seus vinhos no mercado nacional e internacional, indo ao encontro das exigências do mercado.

 

XXI

Inicia-se uma nova era de consolidação dos mercados europeus, americano e asiático e em 2001 foi decretada a proibição de exportação de Vinho da Madeira a granel, e todo o vinho tinha de ser engarrafado na ilha da Madeira, contribuindo desta forma para o garante da qualidade e genuinidade do Vinho Madeira.

O Vinho madeira tem sabido adaptar-se aos novos tempos e a H.M. Borges, Sucrs, Lda face às imensas possibilidades, pretende continuar a consolidar a sua marca no mercado regional, nacional e externo, contribuindo desta forma para o enriquecimento deste sector económico assaz importante para a Região Autónoma da Madeira.

 

Fontes:

  • Ilhas de Zargo, Pereira, Eduardo C. N., Vol I e II
  • Ilucidário Madeirense, SILVA, Fernando Augusto da, Pe,
  • A Vinha e o Vinho, na História da Madeira Séculos XV a XX, Viera, Alberto
  • Ilhas de Zarco
  • Breviário da Vinha e do Vinho
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