O milagre do sol
Afamado no século XVIII, o Vinho de Roda surge em função das trocas comerciais e servia também de lastro nos porões das naus e caravelas que seguiam rota para oriente e ocidente. O Vinho da Madeira, que não era vendido, era devolvido aos produtores. No percurso destas viagens transatlânticas e com duas passagens pelos trópicos, com o movimento das ondas e com as diferentes variações de temperatura, verificou-se que acelerava o processo de envelhecimento e ganhava caraterísticas organolépticas extraordinárias.
Os vinhos ficaram conhecidos por “Vinho de Roda” ou “Torna Viagem”. Em terras lusas eram vendidos a preços muito elevados.
Esta descoberta fez com que alguns comerciantes enviassem propositadamente o seu vinho nos porões das naus e caravelas para envelhecerem prematuramente. Naturalmente estas viagens marítimas tornaram-se dispendiosas para as empresas reflectindo no custo de produção e no preço final do vinho, pelo que se procurou métodos alternativos de envelhecimento. É partir deste facto que surge a técnica de “estufagem” e as primeiras estufas.
Uma outra forma de acelerar o envelhecimento do Vinho Madeira na ilha foi o de se colocar os barris cheios de vinho nos pisos superiores das adegas onde se fazia sentir mais o calor natural gerado pelo clima solarengo e ameno da ilha.